Conteúdo atualizado a 25/07/2024
Com a mediação de Caio Letta, Head de Conteúdo e Research na Bipa, o palco Crypto Summit recebeu os especialistas Raphael Zagury da Swan Bitcoin, Yuri Alter da Hashdex, Bernardo Braga da Better Money e Rafeal Castaneda, fundador da CastaCrypto.
Neste painel foi discutida a teoria dos ciclos do Bitcoin, com impacto na volatilidade do criptoativo após os Halvings. A intenção foi problematizar e discutir se essa teoria ainda faz sentido ou se já fez sentido em algum momento e agora não mais.
Juntos, os especialistas falaram sobre as hipóteses dos ciclos do Bitcoin e qual seria a tendência de preços do ativo.
Tabela de Conteúdos
Existe mesmo o ciclo de 4 anos do Bitcoin?
Logo de início Caio Letta faz a indagação sobre a realidade do ciclo dos 4 anos, buscando entender qual a percepção dos convidados sobre o assunto, se eles realmente acreditam na teoria.
Zagury alerta que para falar sobre ciclos de altas e baixas é preciso falar sobre referenciação, isto é, a relação que é feita entre o Bitcoin e o dólar ou em relação ao real. Sendo este o primeiro ponto de equívoco.
Ele indica não acreditar em ciclos. Como minerador há uma celebração pelo corte a cada 4 anos, sendo uma das poucas indústrias que celebra a redução de receita. O que é certo é que a cada 4 anos existe sim um ciclo previsto, dando a entender que o ciclo em relação ao preço também irá acontecer. Contudo, principalmente quando o assunto é Bitcoin, mesmo se comparar os padrões gráficos do ativo após os Halving anteriores, é impossível prever os preços, afinal de contas 3 ciclos não é suficiente para uma análise estatística relevante.
Yuri ressalta que os ciclos do Halving também vieram como uma forma de globalização do ativo e o quão escasso ele era como moeda, escassez essa que continuará até seu ciclo final.
Bernardo chama a atenção para o fato de o Bitcoin ainda ser visto como uma moeda puramente especulativa, desde o seu surgimento. Mas, à medida que ele vai amadurecendo e ganhando capitalização de mercado, a tendência será de que os tais ciclos venham a deixar de existir em algum momento.
Influência do mercado tradicional
Segundo apontado por Rafael Castaneda, o próprio Satoshi afirmou, em 2010/2011, que a tendência inicial é de que o preço do BTC seja ditado pelos mineradores, porque é a fonte mais abundante é comprada nas mãos dos mineradores. Isso aconteceu com o ouro.
O preço do ouro já foi baseado em função do custo de extração, mas a partir do momento em que haja circulação da maior parte, e a menor parte é minerada, passa a ser o mercado secundário a ditar o preço.
Como o ciclo é baseado em dólar, o BTC tem sido “tabelado” em um mercado influenciado pela inflação e volatilidade global. No ciclo de 2021, EUA tinha juros zero e uma impressão de US$5.5 Tri injetados, ajudando a impulsionar todo o setor de renda variável, inclusive de criptoativos.
O ciclo atual parece sofrido uma vez que o cenário econômico mundial é de muita falta de liquidez, juros altos. Por isso o impacto pós Having desse ano, mas ainda há tempo e condições de altas como vistas anteriormente.
Hoje há mais conhecimento, fazendo aumentar a confiança no Bitcoin. Como consequência, as pessoas pensam no longo prazo, projetando no ativo digital uma forma de se resguardar de uma economia mundial instável. Justamente por isso que há menos movimentação do que em outros ciclos anteriores.
O que ainda vem por aí?
No passado, o Bitcoin era extremamente nichado, sendo um ativo muito menor em tamanho de mercado e mais impactado pelas finanças tradicionais. Hoje vem crescendo ao ponto de atingir uma massa crítica.
Ao pensar nos ciclos de 4 anos, as pessoas olham muito para o lado direito da curva, mas é importante perceber e entender as utilidades do Bitcoin como instrumento de proteção contra a inflação, o uso dele como um instrumento de liberdade.
Olhando para a esquerda, o que aconteceu até o momento, os ciclos do Halving influenciam muito no seu preço. De qualquer forma, 1 BTC sempre valerá 1 BTC, o que oscila, o que de fato é volátil, é a velocidade em que os Bancos Centrais estão imprimindo dinheiro.
Para Raphael Zagury o Bitcoin é o único ativo ético no mundo, por isso é importante que seja pensado como forma de tecnologia de poupança.