Conteúdo atualizado a 27/11/2023
Todos louvamos a blockchain por ser uma inovação revolucionária e pelo facto de, desde há muito tempo lhe ter associado um anonimato que todos prezamos, dado que todos dão a privacidade na blockchain como um dado adquirido.
No entanto, a realidade é mais complexa do que a narrativa popular pode gerir. Com efeito, enquanto o blockchain oferece um nível de segurança e transparência inigualáveis, a confusão em torno do anonimato é algo que permanece, transformando-se quase num mito ou numa falácia.
Nesse artigo, iremos desvendá-lo, explorando, em alguns detalhes, a forma como as transações podem, de fato, ser rastreadas e os mitos desmascarados quanto à ideia de total privacidade nesta tecnologia.
Prepare-se, por isso, para desmistificar a relação entre blockchain e anonimato, nem que tenha de suspender algumas das suas crenças mais vincadas.
Tabela de Conteúdos
O endereço dá privacidade na blockchain?
Primeiro de tudo, e já que estamos a lidar com anonimato, é preciso discernir aquilo que é a identidade. E, no caso do blockchain, essa identidade é associada ao endereço de blockchain que cada utilizador lhe tem associado.
No caso da Bitcoin, por exemplo, os endereços têm sempre entre 26 e 35 caracteres alfanuméricos e começam com “1”, “3” ou “bc1”, sendo precisamente esses primeiros caracteres que determinam o tipo de endereço de bitcoin.
No caso do Ethereum, é usado o hexadecimal para representar os endereços. Ou seja, os endereços da Ethereum sempre começam com “0x” para indicar o uso de hexadecimal e utilizam apenas caracteres de 0 a 9 e de A a F.
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Há algo que une ambos os endereços: a aleatoriedade e o facto de serem gerados mediante o protocolo cripto. Os endereços da Ethereum também são conhecidos como endereços ERC-20, o padrão técnico usado pela Ethereum.
Ah, e não confunda endereços de blockchain com endereços de carteiras de criptomoedas, são coisas fundamentalmente diferentes.
O Anonimato … ou a falta dele
Todos sabemos que uma das grandes vantagens associadas a criptomoedas está relacionada com a vantagem de transferir valor para qualquer pessoa sem que haja qualquer intermediário, seja ele a Reserva Federal dos EUA ou o seu próprio banco. Ora, isso dá uma sensação de segurança e anonimato.
A verdade é que o desenvolvimento e o uso de endereços e carteiras de blockchain não requerem informações pessoais identificáveis. Contudo, isso não faz desta tecnologia anônima. Afinal, conforme documentado no white paper original do Bitcoin, o ‘pseudónimo’ está embutido no protocolo do Bitcoin. Isto é, enviar e/ou receber bitcoin está associado ao pseudônimo criado que permitirá rastrear transações.
Todas as Blockchain são iguais?
O anonimato da tecnologia blockchain depende bastante do protocolo blockchain em questão. Com efeito, protocolo da Bitcoin é diferente do da Ethereum.
Com efeito, embora o protocolo Bitcoin não faça nenhuma reivindicação de anonimato puro e duro, outros protocolos de blockchain foram projetados para guardar o anonimato e/ou a privacidade.
Porém, assim como acontece com as identidades secretas e as VPNs, a manipulação inadequada poderá eventualmente expôr informações que corroem o anonimato pretendido pelos usuários.
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Com técnicas sólidas de inteligência de código aberto e práticas tradicionais de contabilidade forense, o anonimato dos endereços de blockchain poderá ser removido e esses endereços poderão ser atribuídos a informações pessoais identificáveis que acabam por levar a um indivíduo específico. Ou seja, o facto de se adotar Bitcoin ou de se usar Blockchain não pressupõe, de forma direta, o anonimato.
Embora o mito do anonimato absoluto no blockchain persista, o conhecimento e a conscientização sobre suas nuances são os primeiros passos para aproveitar ao máximo essa inovação. É somente por meio do entendimento aprofundado que podemos abraçar os benefícios do blockchain enquanto tomamos medidas para proteger nossos dados e transações na era digital.