Conteúdo atualizado a 09/10/2023
O julgamento de Sam Bankman-Fried, ex-CEO da FTX, está trazendo à tona mais detalhes sobre como funcionava o sistema de transferências ilimitadas na exchange. Utilizando outra empresa do grupo, a Alameda Research, informações falsas permitiram que criptomoedas fossem roubadas da plataforma sem levantar suspeitas.
Tabela de Conteúdos
Essas informações foram apresentadas na última sexta-feira (6), pelo cofundador da FTX, Gary Wang. Ele foi convidado a depor no julgamento de Sam Bankman-Fried, que aconteceu nos Estados Unidos.
Sendo assim, ao ser confrontado sobre como era o seu modus operandi , Gary Wang confirmou que dados falsos eram inseridos no banco de dados da exchange, que entrou com pedido de falência no final de 2022.
Informações falsas na FTX
O ex-CEO da FTX está sendo julgado pela quebra da empresa, que pode ter um rombo de até US$ 50 bilhões. No entanto, durante muito tempo a exchange funcionou normalmente, sem levantar suspeitas nos investidores.
Mas, para manter todo o esquema, informações falsas eram inseridas na empresa, afirmou o cofundador da exchange, Gary Wang. Ele disse em depoimento que esses dados eram inseridos na plataforma, para ‘maquiar’ transações ilimitadas de recursos para a Alameda Research. Além disso, ele disse que o mesmo esquema era usado para criar um fundo fictício de reserva em criptomoedas.
O cofundador da corretora explicou que o total de reservas era, na verdade, uma multiplicação do volume diário gerado pela exchange (em transações com o token FTT) com o verdadeiro valor mantido pela empresa no fundo.
Portanto, o volume diário de FTT era multiplicado por um número aleatório, algo próximo de 7.500, para inflar o fundo de emergência da exchange que entrou com pedido de recuperação judicial no final de 2022.
Ou seja, a reserva total era inflacionada a partir de dados falsos, admitiu Wang em depoimento à Justiça. Antes da farsa ser descoberta, a exchange ostentava que possuía um fundo de reserva de US$ 100 milhões.
Desde 2019 a FTX afirmava que seu fundo de reserva era de aproximadamente US$ 100 milhões, e poderia ser usado para cobrir possíveis perdas da empresa. Por outro lado, o cofundador da exchange confirmou que nenhum token da FTT estava no fundo.
Essa informação contraria dados da própria plataforma, que havia confirmado o envio de 5,75 milhões de unidades da FTT para o fundo de reserva, em uma publicação no Twitter antes de declarar falência dos negócios.
Criptomoedas roubadas através de saques
Durante o julgamento de Sam Bankman-Fried na última semana, o cofundador Gary Wang orientou sobre como as criptomoedas eram roubadas a partir de saques ilimitados.
Para transferir esse saldo, um código foi implantado na exchange chamado “allow_negative”. Dessa forma, a Alameda Research poderia negociar criptomoedas com uma liquidez privilegiada, além de permitir saques de milhões de dólares em criptomoedas que pertenciam a clientes .
Julgamento de Sam Bankman-Fried
Na última semana, Sam Bankman-Fried começou a ser julgado nos Estados Unidos. Ele é acusado de desviar fundos da FTX, além de outras manobras que resultaram no pedido de recuperação judicial da empresa.
Durante vários dias de julgamento, testemunhas e pessoas ligadas ao empresário foram ouvidas pela Justiça norte-americana. Por enquanto, ele ainda não foi sentenciado, mas segue preso desde a quebra da FTX no mercado cripto.
Com esse primeiro julgamento, uma segunda fase está marcada para o começo de 2024. Se condenado pelos crimes que está sendo investigado, Sam Bankman-Fried pode pegar mais de 110 anos de prisão.
O que aconteceu com a FTX?
Era uma das maiores exchanges do mercado cripto até enfrentar problemas de liquidez. A empresa, que teve milhares de clientes, entrou com pedido de recuperação judicial, incluindo outros 108 negócios que faziam parte do grupo, como a Alameda Research.
Incapaz de prover liquidez para saques e transações com criptomoedas, a FTX congelou as movimentações dos clientes, e agora aguarda pelo processo de recuperação judicial onde o balanço de ativos do negócio está sendo finalizado.
O próximo passo é definir como esse saldo será utilizado para pagar investidores e credores da FTX. No último dia de julgamento de Sam Bankman-Fried, o cofundador da empresa, Gary Wang, se declarou culpado.
Ele também confirmou que cometeu fraude eletrônica, o que permitiu que o saldo da exchange fosse drenado sem levantar suspeitas no mercado cripto. Gary concluiu sua participação dizendo que pretende colaborar com as investigações, que ouviu outros líderes da corretora durante o julgamento nos EUA.