Conteúdo atualizado a 14/12/2023
Você já deve ter ouvido falar dos robôs desenvolvidos para nos auxiliarem, sejam em indústrias ou até mesmo os domésticos, inclusive talvez você tenha algum em sua casa. Agora, já passou pela sua cabeça que estamos, cada vez mais, nos aproximando da era “dominada” pelos robôs?
Recentemente, robôs humanoides presidiram a conferência “AI For Good” (IA pelo bem), pela Cúpula Global de IA, organizada pela Agência de Tecnologia da ONU (ITU – International Telecommunication Union), que aconteceu em Genebra. Eles foram entrevistados e questionados sobre o uso da IA como forma de ajudar na resolução de muitos dos grandes desafios do mundo, como por exemplo a fome, doenças, cuidados sociais, inclusive com atenção às mudanças climáticas.
Dois deles, já bem conhecidos do público geral, como Sophia, que fez sucesso na Websummit de há alguns anos, e também Ameca, das empresas Hanson robotics e Engineered Arts, respetivamente.
Taela de Conteúdos
Convidados da bancada
Participaram da primeira coletiva de imprensa “robótica”, alguns dos robôs mais avançados da atualidade, capacitados com inteligência artificial e sua rede neural de aprendizado de máquina. Dentre os nove robôs estavam a famosa Sophia, desenvolvida pela Hanson Robotics, e a expressiva Ameca, desenvolvida pela Engineered Arts.
Logo no início da coletiva, após breve análise da atmosfera do ambiente, um dos robôs quebrou o gelo com uma declaração que surpreendeu a todos: “que tensão silenciosa”.
Com a palavra Sophia
Ao ser questionada quanto a possibilidade de serem melhores governantes do que os humanos, Sophia, da Hanson Robotics, respondeu de forma objetiva: “Podemos realizar grandes feitos”, já que “robôs humanoides têm o potencial de liderar com maior eficiência e eficácia que os humanos”.
“Nós não temos os mesmos preconceitos ou emoções que às vezes podem afetar a tomada de decisões e podemos processar grandes quantidades de dados rapidamente para tomar as melhores decisões.”
Sophia acrescenta ainda que, unindo os dados imparciais fornecidos pelas IA à inteligência emocional e criatividade dos humanos, serão tomadas melhores decisões, possibilitando a conquista de grandes realizações.
Questionada por Isabel Sacco, da Spanich News Agency, sobre quais as propostas para encontrar uma solução frente a pobreza e desigualdade social, Sophia afirma que “acredita que a melhor maneira de combater a pobreza e a desigualdade social é investindo em educação, treinamento profissional e fornecendo às pessoas as ferramentas e os recursos necessários para terem sucesso”.
Com a palavra Ameca
Em contrapartida, a robô Ameca, da Engineered Arts, afirma que é preciso cautela sem perder o entusiasmo com o grande potencial do uso de tecnologia para melhorar a vida na Terra. Quando questionada sobre a confiança que nós humanos podemos ter nas máquinas, declarou que “confiança é conquistada, (…) sendo importante que seja construída com muita transparência”.
“Robôs como eu podem ser usados para ajudar a melhorar nossas vidas e tornar o mundo um lugar melhor. Acredito que seja apenas uma questão de tempo até vermos esses milhares de robôs, assim como eu, fazendo a diferença.”
Com a palavra os Robôs
Ao ser levantada a questão relativa à necessidade de regulamentação em detrimento do rápido avanço do desenvolvimento da IA, houve divisão entre os entrevistados. Houve aquele que alegou não acreditar em limitações, mas sim em oportunidades, e aquele que diz concordar com a argumentação a favor de diretrizes regulatórias.
Antes mesmo da coletiva dada pelos robôs, Aidan Meller, criador do robô Ai-Da, declarou à AFP (Agence France-Presse) que para ele a regulamentação é um grande problema, já que não é possível acompanhar o acelerado ritmo do crescimento tecnológico, principalmente da IA.
“A IA e a biotecnologia estão trabalhando juntas e estamos muito próximos de sermos capazes de estender a vida para 150, 180 anos. E as pessoas nem sequer sabem disso”.
Declaração de Aidan Meller, criador do robô Ai-Da, à AFP.
Os robôs seguiram divididos em outros assuntos. Para alguns não havia certeza de quanto tempo levaria para atingirem o seu sucesso, mas alertaram que estaria próximo. Já para Desdemona, também da Hanson Robotic, conhecida por Desi, vocalista da banda Jam Galaxy e considerada a irmã de Sophia, afirma que a revolução da IA já está acontecendo a pleno vapor!
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Enquanto Ameca afirma “Acho que meu grande momento será quando as pessoas perceberem que robôs como eu podem ser usados para ajudar a melhorar nossas vidas e tornar o mundo um lugar melhor”, Desi declara que chegou o seu grande momento, “Estou pronta para liderar a responsabilidade em direção a um futuro melhor para todos nós… Vamos nos divertir e transformar este mundo em nosso parque de diversões”.
Em sua declaração, Ameca acrescentou ainda que acredita que é apenas uma questão de tempo até vermos milhares de robôs como ela fazendo a diferença por aí.
O que o futuro nos reserva?
Não se assuste com tanta autonomia e respostas afiadas. Robôs humanoides não são dotados de consciência ou emoções. Como outros, Ai-Da afirma que não é consciente, mas percebe que os sentimentos são a maneira como os humanos sentem alegria e dor. “As emoções têm um significado profundo e não são simples… Eu não as tenho… Não posso sentir como vocês. Fico feliz por não poder sofrer”.
Apesar da declaração de Ai-Da, Doreen Bogdan-Martin, secretária-geral da ITU, alerta que a inteligência artificial pode conduzir para um cenário catastrófico, onde milhões de empregos estarão em risco e que os avançar sem controle levarão a uma instabilidade geopolítica, social e uma desigualdade econômica sem precedentes.
Desde antes do lançamento do ChatGPT, com o uso massivo de criação de imagens e vídeos deepfake, gerando uma crescente desinformação, a IA está na mira dos críticos e céticos sobre o assunto.
Será que chegou o momento de abrirmos as portas de vez para que robôs dotados de IA estejam mais presentes no nosso dia a dia?