Com a expansão do ecossistema cripto na economia digital do mundo, diversas plataformas e instituições de investimento e operações bancárias crescem junto. Tamanho crescimento associado a pouca regulamentação, abre alas para a nova ascensão das instituições financeiras chamadas de Shadow Bankings, os “bancos paralelos”.
Como a curva de crescimento das criptomoedas em aceleração, não há legislação que acompanhe e consiga regulamentar esse novo formato financeiro, tendo como consequência a resistência de muitas instituições financeiras tradicionais em fornecer serviços com ativos digitais como garantia.
É justamente nesta brecha que os Shadow Banks ganharam novo destaque, preenchendo uma lacuna e dando novas oportunidades para os investidores cripto. Mas muito cuidado! É neste momento que os oportunistas “mostram as caras”.
Tabela de Conteúdos
O que é Shadow Banking?
Os sistemas bancários paralelos (Shadow Banking System) são instituições financeiras, não bancárias, que podem desempenhar atividades e funções iguais aos bancos tradicionais. Entretanto, diferente dos tradicionais bancos, que possuem fortes regulamentações, os shadow banks não são obrigados a seguirem as mesmas regulações e obrigações dos bancos tradicionais.
Segundo a definição do Instituto de Finanças Corporativas (CFI), Shadow Banking são um grande conjunto de instituições e mercados financeiros que ofertam os mesmos serviços bancários tradicionais, sem estarem inseridos nas regulamentações. Podem incluir empresas de empréstimos e de financiamento imobiliário, fundos de investimentos, entre outros.
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Mesmo que apresentem muito mais riscos, por não estarem igualmente regulamentados, os bancos paralelos desempenham um importante papel no fornecimento de crédito e liquidez na economia, o que, neste caso, complementa o sistema bancário tradicional.
Ainda assim, a complexa evolução do shadow banking continua a desafiar os reguladores financeiros em todo o mundo.
Conheça algumas das maiores Shadow Banks do mundo
Shadow Banks podem ser fundos de cobertura, fundos de capital privado, credores hipotecários e até grandes bancos de investimento. O sistema bancário paralelo também pode estar associado às atividades não regulamentadas por instituições regulamentadoras, que incluem instrumentos financeiros como credit default swaps (CDS).
Muitas empresas conhecidas são consideradas bancos paralelos. Entre eles estão bancos de investimento, como Goldman Sachs e Morgan Stanley, credores hipotecários, fundos do mercado monetário, seguradoras/resseguradoras, e muitos outros.
Veja os maiores bancos paralelos do mundo:
BlackRock, Inc.
Fundada em 1988 nos EUA, é a maior empresa de investimentos do mundo. Em 31 de dezembro de 2023 tinha US$10 trilhões em ativos sob gestão. É a gestora do grupo iShares desde 2009, e junto à Vanguard Group, assume grande destaque em fundos de índice e fundos negociados em bolsa (ETFs), inclusive estando presente na B3.
Vanguard Group
Fundada em 1975, é uma empresa americana de gestão de investimentos que administra mais de US$7,5 trilhões em ativos de gestão. Sem proprietários externos, estão 100% dedicados em atender as necessidades dos seus mais de 50 milhões de clientes e seus investimentos. É considerada uma das maiores do mundo, com destaque em aos ETFs negociados, ficando atrás apenas da iShares da BlackRock.
Pimco
Empresa americana de gestão de investimentos, fundada em 1971, a PIMCO administra mais de US$2 trilhões em ativos. Tem como principal meio, suas estratégias de investimento em renda fixa, mas desde 2021 possui ETFs negociados.
Ares Management
Uma empresa americana que se declara como uma gestora global de ativos alternativos. Administra mais de US$370 bilhões em ativos sob gestão, principalmente por meio de suas estratégias de private equity, imobiliário e crédito. Teve sua fundação em 1997.
Bridgewater Associates
Fundada em 1975, é uma empresa americana de gestão de investimentos que administra mais de US$120 bilhões em ativos, principalmente por meio de suas estratégias de fundos de hedge.
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Vantagens e desvantagens de Shadow Banking
Mesmo com a popularidade crescente dos bancos paralelos, eles oferem riscos, mas não deixam de oferecer grandes benefícios ao sistema financeiro mundial, uma vez que nas condições adequadas, tem grande potencial em levar, tanto o investidor quanto o banco, a um lucro substancial.
Os SBS (Shadow Banking System) usam, com frequência, fundos obtidos por empréstimos para investir em ativos de maior risco. Essa alavancagem leva a retornos mais expressivos, mas também a grandes perdas. Isso pode gerar um potencial de risco generalizado, pois as perdas em uma parte do sistema podem se espalhar rapidamente para outras.
Veja algumas das vantagens e desvantagens que shadow banking pode oferecer no universo cripto.
Vantagens:
- Rentabilidade: Os investidores podem usar a alavancagem fornecida pelos bancos paralelos para decidir com mais chances de sucesso e os lucros são amplificados. Isso também significa que o investidor não precisa investir tanto dinheiro como se fosse financiar totalmente a negociação.
- Acesso: Oferece acesso às opções de empréstimo que não estariam disponíveis. Como criptomoeda tem alta volatilidade, existe um risco maior, dificultando o acesso aos empréstimos em instituições tradicionais, o que não ocorre com os bancos paralelos.
- Resistência ao controle: Shadow Banks ficam fora das deliberações dos reguladores, tornando-os mais resistentes às críticas e às tentativas de imposição das normas. Muitos bancos paralelos estão fora de qualquer jurisdição, por isso acabam sendo atraentes para aqueles que não queiram chamar a atenção para as suas finanças.
Como nem tudo são flores… Toda vantagem pode vir acompanhada de riscos.
Desvantagens:
- Falta de supervisão: Como os bancos paralelos estão fora da supervisão dos reguladores, não estão sujeitos às mesmas normas e regras que os bancos tradicionais. Um forte exemplo é a não obrigatoriedade de requisitos como liquidez de capital, deixando os credores e depositantes dessas instituições mais expostos ao risco elevado. Outro aspecto, não menos importante, é a possibilidade de acabar caindo em mais um golpe. Shadow Banks podem ser uma fraude, com o único objetivo de capturar os seus investimentos.
- Práticas de empréstimos arriscadas: Tomando como exemplo o banco Celsius, que antes da sua falência oferecia até 18% para os investidores criptos manterem sua participação no banco, desde que aceitassem pagamentos pelo próprio token, o CEL. Os elevados retornos prometidos aos credores de criptomoedas, fazem com que haja apostas especulativas alavancadas ou que assumam investimentos de risco diretamente.
A relação das Criptomoedas com o Shadow Bank
Por ainda não haver regulamentação, criptomoedas continuam sendo colocadas de lado por algumas instituições financeiras tradicionais, não sendo aceitas como garantia para a obtenção de financiamento para ativos digitais, o que não acontece nos Shadow Banks, gerando maior procura de investidores para alavancagens.
O uso de criptomoedas tem chamado a atenção no mundo financeiro e de investimento e claro que o shadow banking não ficaria de fora dessa oportunidade, mesmo as criptomoedas oferecendo várias desvantagens, tais como volatilidade e falta de regulamentação. Ainda assim, o anonimato e a descentralização, são de muito valor aos bancos paralelos no mercado de criptomoedas.
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Ao acionar mais este recurso aos investimentos cripto, é muito importante que tenha em mente que pode vir acompanhado de mais riscos, mesmo que tenha maiores chances de retornos, como nos casos da possibilidade de abuso ou fraude.
Sob a mira dos reguladores
Desde a crise financeira global de 2007-2008, o papel do shadow banking na originação e distribuição de hipotecas de alto risco e em produtos financeiros complexos foi identificado como um fator importante de contribuição à crise, o que gerou esforços regulatórios para aumentar a supervisão e regulamentação do sistema bancário paralelo, com o objetivo de mitigar os riscos associados às atividades financeiras fora do balanço convencional dos bancos.
É por esse motivo que desde 2010 a FSB (Comitê de Estabilidade Financeira) vem trabalhando em documentos que incluam um tratamento e recomendações dedicados às instituições que integram o SBS (Shadow Banking System).
No Brasil, segundo alegação dada por Roberto Campos (presidente do Banco Central), em 2020, vários Shadow Bankings estão enquadrados nas regras do sistema brasileiro, sujeitos a alguma regulamentação.
Ainda assim, os bancos paralelos não estão sujeitos às normas dos Acordos de Basiléia, que basicamente determinam uma exigência mínimo de capital para um banco, trazendo a obrigatoriedade dos bancos tradicionais de terem um “colchão” de liquidez como uma forma de evitar que quebrem numa situação de crise financeira.
Mesmo com uma promissora interação dos bancos paralelos com o mercado cripto, o SBS é de extrema complexidade e vem sendo afetado pela crescente potência dos ativos digitais. O futuro entre dois mundos de grandes riscos e possibilidade de ganhos, ainda é incerto, mas talvez promissor.
Sendo assim, é importante ressaltar que bancos paralelos não deixam de ser uma ótima opção, mas nem sempre será a melhor.
Fonte: InfoMoney / Exame / Banco Central do Brasil