Conteúdo atualizado a 01/02/2024
O Banco Central do Brasil anunciou uma importante fase de testes da CBDC brasileira, o Drex. Com a fase piloto iniciada agora em 2024, novos casos de uso são apresentados para o projeto, que utiliza um registro distribuído criado a partir da tecnologia blockchain.
De acordo com o CEO da Hamsa, Henrique Teixeira, além de pagamentos e transferências, será possível criar tokens a partir da plataforma Drex. Em entrevista ao BR Cryptos, ele explica que a digitalização do real permitirá atribuir finalidades programáveis à CBDC brasileira através de contratos inteligentes.
O projeto do Drex está sendo desenvolvido a partir de uma hyperledger criada na rede Ethereum, a Besu. E, para oferecer uma conexão entre o Drex e a tokenização de ativos de valor, a Hamsa utiliza a mesma plataforma blockchain, explica Henrique Teixeira.
“Tokenizar qualquer ativo do mundo real, transformar ele em um ativo digital, em um token, e disponibilizar em alguma blockchain. No Brasil, o Banco Central focou o Drex na rede do hyperledger do Besu, a gente trabalha bastante no Brasil com a mesma rede para poder criar essa interoperabilidade.”
Tópicos da Entrevista ao CEO da Hamsa
Como acontece o processo de tokenização de ativos?
Além de oferecer o serviço de tokenização de ativos reais de valor, a Hamsa desenvolve a infraestrutura necessária para que instituições financeiras possam criar e gerenciar seus próprios tokens.
Sendo assim, o CEO da Hamsa fala que o projeto é analisado, em um primeiro momento, antes do token ser criado. Nessa análise, alguns pontos são avaliados, como viabilidade e a necessidade de tokenização do ativo proposto.
“O banco normalmente, ou a instituição financeira nos procura para fazer um projeto de tokenização. Então, a gente entende qual é a necessidade de tokenizar, quais são as vantagens que o projeto vai trazer, em termos de automação, customização, velocidade, redução de custos e interoperabilidade.”
Henrique teixeira, em entrevista ao BR Cryptos
Criando tokens a partir do Drex
Com uma rede de registro distribuído, o Drex utilizará contratos inteligentes além da tecnologia blockchain. Dessa forma, será possível criar tokens utilizando a plataforma da CBDC brasileira.
Segundo o CEO da Hamsa, cada token criado a partir da plataforma Drex apresentará características e finalidades distintas. Ou seja, um token pode servir como forma de pagamento, outro como liquidação de títulos, ou ainda, como forma de compensação bancária, por exemplo.
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“O Drex é uma plataforma, onde tem um DLT, uma rede, e dentro dessa rede você tem nós. E, dentro de cada nó, de cada banco, você vai poder criar os tokens e armazenar dentro dessa rede do Drex. Então, os ativos financeiros que vão poder ser transacionado dentro do Drex, ele vai ter essa interoperabilidade para poder acontecer a liquidação. Isso já está sendo testado, onde eles criam casos de uso em cima dessa plataforma do Drex, e cada caso de uso tem um token diferente, uma característica diferente”.
CBDC e criptomoedas
A fase piloto de testes do Drex começou em 2024, com uma versão do projeto desenvolvida na hyperledger Besu. Mas, além dessa integração com blockchain e contratos inteligentes, a CBDC brasileira servirá para liquidar operações com criptomoedas.
Henrique Teixeira afirma que, embora existam bancos oferecendo a negociação de criptomoedas no Brasil, o Drex representa uma nova forma de integração entre a moeda fiduciária brasileira e o mercado cripto.
“Você já tem bancos oferecendo crypto as a service, já está oferecendo para seus clientes a compra e venda de ativos digitais. Então, eu imagino que o Drex vai servir como meio de liquidação também para essas operações.”
Solução que integra cripto e CBDC
A Hamsa foi selecionada como uma das instituições que fazem parte do consórcio da versão piloto do real digital. Agora, a Hamsa está oferecendo soluções para integrar a CBDC brasileira em instituições bancárias, através de uma parceria com a Materia, comenta o CEO da empresa.
“A Matera é um dos principais players de tecnologia bancária no Brasil. Eles têm cem instituições financeiras que já utilizam as soluções, os produtos financeiros deles, com atuação no Pix. Vários bancos que já utilizam a Matera hoje, nos procuraram e disseram ‘agora quero me preparar para implementar o Drex’.”
Uma moeda programável
A utilização de contratos inteligentes possibilitará ao real digital a programação de liquidações, pagamentos e transações com a CBDC brasileira. Portanto, essa comunicação acontecerá antes mesmo do pagamento ser finalizado, comenta o CEO da Hamsa.
“A moeda programável permite através das regras de negócios que você crie uma linguagem onde os dois lados que vão participar da transação, consigam receber as informações necessárias antes que o pagamento seja efetuado. Os contratos inteligentes permitem que você faça essa programação.”
Henrique Teixeira ao BR Cryptos
A revolução na economia brasileira
O Drex é resultado de uma política progressista apresentada pelo Banco Central do Brasil. Henrique explica que a instituição criou um projeto de reformulação de produtos e serviços financeiros que engloba iniciativas como a própria CBDC brasileira, além do pix e do open finance.
“O Banco Central tem sido uma peça chave para o Brasil conquistar em termos de revolução financeira e digital. Ele vem implementando uma agenda bem interessante e progressista, eles começaram com o instabank, nem chamava Pix ainda. Fizeram também a implementação do open banking, que depois virou open finance, agora o Drex.”
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Outro ponto abordado pelo CEO da Hamsa diz respeito ao posicionamento do Banco Central do Brasil diante de inovações tecnológicas. Para ele, esse movimento ajuda a implantar essas novas tecnologias ao mesmo tempo que atrai novos participantes para o mercado financeiro tradicional.
“Quando a gente tem o regulador aberto para implementar essas novas tecnologias, ele acaba trazendo vários, players, vários participantes do mercado, não só as entidades reguladas, mas também as empresas de tecnologia e os fornecedores desse mercado. E esses projetos, tanto o pix quanto o open finance, e agora o Drex, torna o Brasil um exemplo no qual a ser seguido e ser observado por outros países.”
O futuro da tokenização de ativos
A tokenização de ativos reais de valor (RWA) é apontada como uma das soluções que promoverão a transição da economia para o digital. E, conforme diz o CEO da Hamsa, o Brasil pode se transformar em protagonista desse novo mercado, capaz de atingir até US$ 30 trilhões nos próximos seis anos.
“Tem vários estudos que mostram que, em torno de quinze a trinta trilhões de dólares vão ser tokenizados até 2030. A gente acredita que, o Brasil por ter essa posição avançada no meio de ativos digitais, e ainda apoio dos reguladores, tem a oportunidade de estar na vanguarda desse desenvolvimento e capturar boa parte de market share, desse volume global.”
Henrique Teixeira ao BR Cryptos