Mineradora chinesa de Bitcoin próxima à base da força aérea dos EUA gera preocupações

Conteúdo atualizado a 24/10/2023

Funcionários do governo dos EUA informaram ao The New York Times que têm monitorado uma mineradora chinesa de Bitcoin operando em Wyoming, próxima a uma base de mísseis nucleares da Força Aérea dos EUA.

Esses funcionários relataram que medidas foram tomadas para mitigar qualquer possível coleta de informações, embora não tenham divulgado detalhes específicos. O alerta sobre essa situação foi acionado por um centro de dados da Microsoft, que presta serviços ao Pentágono.

A proximidade entre os dois locais é de cerca de um quilômetro e meio. No entanto, em um relatório ao governo, a Microsoft não indicou evidências diretas de atividades maliciosas por parte da mineradora.

Investigações à mineradora chinesa iniciaram em 2022

Em um relatório de 2022 do Comitê de Investimento Estrangeiro nos Estados Unidos, um órgão federal responsável por monitorar ameaças representadas por agentes estrangeiros, já havia sido alertado que essa proximidade poderia permitir que os chineses realizassem, de alguma forma, operações de coleta de informações.

Em um relatório mais recente do Gabinete do Diretor de Inteligência Nacional, foi destacada a preocupação de que, se a China considerasse um grande conflito com os EUA iminente, quase certamente poderia lançar operações cibernéticas agressivas contra infraestruturas críticas nos EUA.

Preocupações além da segurança nacional

As preocupações vão além da segurança nacional e incluem a possibilidade de apagões na região. Tanto as mineradoras de criptomoedas quanto os computadores da base militar operam 24 horas por dia.

Brian Harrell, ex-secretário adjunto do Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos, alertou que as operações simultâneas poderiam sobrecarregar a rede, levando a apagões direcionados e ataques cibernéticos.

O The New York Times apurou que, em pelo menos 12 estados, incluindo Arkansas, Ohio, Oklahoma, Tennessee, Texas e Wyoming, existem mineradoras de criptomoedas operadas por chineses ou de origem chinesa. Essas mineradoras consomem eletricidade equivalente ao abastecimento de 1,5 milhão de residências. Apenas a mina de Cheyenne, Wyoming, requer eletricidade suficiente para abastecer 55.000 casas em plena capacidade.

Crescimento acentuado da mineração nos EUA

Esses novos riscos surgem em meio a um aumento significativo na mineração de Bitcoin nos Estados Unidos. No início deste ano, uma investigação estimou que essas operações consumiam cerca de 4.000 megawatts, o que é suficiente para abastecer mais de três milhões de residências nos EUA. Além disso, mais megawatts continuam sendo adicionados continuamente.

Em julho deste ano, a preocupação foi reforçada por um alerta de um funcionário da North American Electric Reliability Corporation, que supervisiona a proteção da rede elétrica.

A proximidade de mineradoras chinesas de Bitcoin a instalações críticas nos EUA está gerando um debate sobre a segurança e a proteção contra ameaças cibernéticas, bem como a capacidade de as redes elétricas lidarem com o crescente consumo de eletricidade pela indústria de criptomoedas.

Fonte: The New York Times