Conteúdo atualizado a 15/11/2023
Edilson Osório Jr. é incapaz de estar quieto. Com efeito, faz várias coisas ao mesmo tempo. Além de ser um ‘founder’ premiado, é professor, ‘computer scientist’ e ainda especialista no ramo da segurança e das infraestruturas. Em cima de tudo isto tudo, é considerado pelo Coin Telegraph como a personalidade mais influente em criptomoedas e blockchain no Brasil.
Ao longo da sua carreira, foi angariando prêmios incríveis. Além do Google.org Social Impact Challenge em 2016, foi a Personalidade do Ano em 2017, Campeão em Ciberseguraça pela AIM (Annual Investin Meeting) e ainda venceu um Leão de Bronze em Cannes, em 2021!
Nesse ano, embarcou numa nova aventura, lançando o programa “Morning Crypto”, transmitido de forma diária (sempre às 8 da manhã de São Paulo, clique para assistir ou acessar emissões anteriores!), e que se tornou rapidamente numa fonte de notícias fiável para todos os que procuram acompanhar o mundo cripto. Como nós!
É por isso, e por termos uma gigante admiração pelo Edílson, que o convidamos para essa entrevista.
Perguntas a Edilson Osório Jr.
Antes de abordarmos qualquer coisa sobre crypto, nos conte como tem sido a experiência na Estônia! Por que escolheu esse país?
Edílson Osório Jr.: A escolha pela Estônia veio em um momento muito difícil para a OriginalMy, pois instituições tradicionais no Brasil e reguladores estavam impondo muitas dificuldades para o funcionamento. Então em um determinado momento nossos advogados disseram que para a nossa segurança e segurança da nossa empresa, nós teríamos que deixar o Brasil.
Então nós fizemos um estudo entre mais de 40 países para encontrar quais seriam os mais adequados, considerando as regulações, custos, impostos e alinhamento com a estratégia futura da empresa. E nesse momento encontramos a Estônia, como um país bastante amigável para com a inovação e os outros itens que estávamos observando. E cá estamos 🙂
Quais os principais desafios que enfrentou no desenvolvimento do OriginalMy?
EOJr.: A OriginalMy foi criada inicialmente para ajudar criadores a preservar os direitos sobre suas criações. Mas na sequência a OriginalMy foi vista como ‘concorrente’ por certas instituições tradicionais no Brasil e isso atrapalhou muito o nosso desenvolvimento como startup.
Principalmente após criarmos as outras soluções que tinham como ideia prover mais autonomia para a população, com o uso de identidades e assinaturas digitais, assim como as ferramentas para coleta e preservação de evidências em ambiente web.
Os principais desafios sempre foram escalar os produtos sem fazer marketing porque essas instituições atuavam contra muitas vezes, para impedir o nosso crescimento e até funcionamento.
Qual o segredo para manter sua consistência na criação de conteúdo?
EOJr.: Uma coisa que eu aprendi no mundo do empreendedorismo é que a gente deve perseverar e sermos resilientes, e isso demanda muito esforço e força de vontade. Eu tenho uma trajetória que passa por várias áreas diferentes e perseverança e resiliência são pontos comuns a todas elas. Então eu procuro nunca desistir, até ter explorado todas as possibilidades.
A graduação em Copyright pela Harvard Law School tem ajudado no seu conteúdo?
EOJr.: Na verdade esse título ajudou mais a OriginalMy no início da empresa. Como o foco era muito voltado para a preservação de direitos autorais, foi muito importante para a construção de autoridade nesse quesito, dessa forma eu poderia discutir o assunto de maneira muito aprofundada com advogados e outros profissionais da área.
Na sua ótica, quais os principais desafios à proteção da propriedade intelectual via Blockchain?
EOJr.: Ao meu ver são duas coisas: a falta de conhecimento das pessoas e a falta de uma identidade digital baseada em blockchain, bem difundida. A educação sobre a área das criptomoedas é um dos meus principais focos no momento, e isso ajuda as pessoas a criarem mais consciência de como protegerem a si mesmas e às suas obras.
A segurança é uma questão crucial no espaço das criptomoedas, e tivemos casos de hackers e ataques a exchanges no passado. Como uma empresa se pode precaver? E quais os primeiros passos que tem de dar para mitigar os danos?
EOJr.: Acho que o principal ponto é construir as soluções pensando em segurança e privacidade desde a fundação do projeto. Muitos projetos tentam lançar muito rápido para não ‘perderem o timing’ de mercado, e deixam de lado esse ponto tão importante. Por causa do alto fluxo de ativos com valor, exchanges, DeFis, bridges ou outros serviços, acabam sendo alvos de muitos ataques. Então possuir uma boa área de segurança da informação desde o projeto é muitíssimo importante.
Como vê o avançar do DREX?
EOJr.: O maior problema ao meu ver é a falta de discussão sobre o assunto. Nunca foi uma boa ideia deixar um dinheiro programável nas mãos do governo, e no Brasil ninguém está discutindo seriamente os problemas de vigilância e controle que uma CBDC traz. Enquanto em outros países como EUA, Canadá ou mesmo aqui na Europa, esses assuntos estão sendo amplamente discutidos porque a população já tem ideia do que pode vir a acontecer, no Brasil estão apenas discutindo de maneira sutil e progredindo sem o conhecimento da população.
As redes sociais podem ter um efeito sensacionalista. Até que ponto alguém pode ser responsabilizado por um ‘hype’ criado apenas com o intuito de gerar lucro para seu próprio projeto?
EOJr.: Esse é um problema da maior parte dos projetos cripto: há um investimento massivo em marketing e muito pouca entrega. É parte da cultura fake until you make it, muito disseminada no Vale do Silício e que ganhou uma tração muito maior no mundo cripto por conta dos altos volumes de recursos financeiros que circulam nesse meio.
Acredito que todos os fraudadores devem ser exemplarmente punidos, e que as pessoas devem adquirir conhecimentos para reconhecer melhor esses projetos scam.
Boa parte das pessoas são movidas pela ganância, mas infelizmente o marketing tem sido tão agressivo, que é muito fácil das pessoas serem persuadidas.
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Se tivesse de abdicar de um dos seus vários cargos, qual seria?
EOJr.: É uma pergunta difícil. Eu acho que gostaria que a OriginalMy fosse menos dependente de mim e caminhasse mais sozinha.
Se criptomoedas fossem personagens de desenhos animados, como você imaginaria suas personalidades?
EOJr.: Boa pergunta!
Bitcoin: Acho que seria um Optimus Prime. Ele é o líder, com uma personalidade forte, um pouco sério e muito respeitado por todos. Ele não é o mais rápido ou o mais inovador, mas é o mais estável e confiável.
Ethereum: Professor Hubert J. Farnsworth de “Futurama”. Um gênio no que diz respeito à inovação e tecnologia, mas cujas invenções às vezes têm resultados inesperados e desastrados, precisando de constantes ajustes e melhorias.
Dogecoin: Pernalonga. É astuto, relaxado e sempre tem um truque na manga. Ele não se leva muito a sério, mas sempre acaba por cima nunca perdendo o seu caráter brincalhão.
Monero: Seria como o Batman, sempre na sombra, protegendo sua identidade e operações com máximo sigilo.
Litecoin: Não é desenho animado mas seria o personagem Q do James Bond. Ele testa as funcionalidades e gadget que o James Bond usará, mas o teste real mesmo acontecerá em campo.
Brasil ou Estônia?
EOJr.: Brasil para morar e Estônia para trabalhar
Se você pudesse trocar de lugar com Satoshi Nakamoto por um dia, o que você faria?
EOJr.: Complicado… pode ser que eu não fizesse nada pois ‘pode ser’ que eu estivesse congelado.