Conteúdo atualizado a 11/09/2023
Já pensou viver no mundo em que as transações não dependam, necessariamente, de dinheiro, de cartão de crédito, ou mesmo de QR Code, mas sim sejam realizadas apenas através dos seus olhos com um sistema que comprove que você é você?
Pois é! A Worldcoin (WLD), que é um projeto de Sam Altman (o cara do ChatGPT), foi lançada há menos de 1 mês. Ele traz a proposta de fornecer uma moeda digital como renda básica universal para qualquer pessoa, ou seja, você poderá adquirir uma criptomoeda de forma justa que, financeiramente falando, vai beneficiar a sociedade como um todo. Somado a isso quer ser a maior rede de identidade global.
Tabela de Conteúdos
A Moeda Worldcoin
Esse projeto, segundo o Financial Times, está buscando financiamento de grandes investidores desde 2021. E o criador desse projeto, declara que tem o intuito de equilibrar, de alguma forma, o crescimento do desemprego devido a avalanche da Inteligência Artificial.
Algo que chama a atenção é o fato dos grandes investidores dessa moeda digital, serem o Sam Bankman-Fried da FTX e a 3AC – Three Arrows Capital, ambas empresas do mundo cripto que faliram. Ainda paira outra questão: Afinal, qual a função do token da WLD? Sobretudo, porque a Worldcoin não tem um roadmap, que é o plano de desenvolvimento e utilização da moeda.
Ainda assim, o que se sabe é que a proposta de moeda digital consiste, basicamente, em criar uma identidade digital que preservará a privacidade dos usuários através da World ID. Essa World ID será um passaporte digital criado através do escaneamento da íris, um tipo de biometria ocular.
Por que escanear os olhos?
Segundo o próprio Alex Blania (CEO e cofundador da Worldcoin) em entrevista, o objetivo desse processo de escaneamento é para garantir a autenticidade do usuário e excluir os riscos de fraude.
Ele alega que realizar o escaneamento dos olhos é mais garantido porque é uma prova contra scammer (outra pessoa passando por você), é mais eficiente que as digitais e fotos, e garante a confirmação de que realmente é um humano.
Blania, inclusive, diz que o código da íris é criptografado, não sairá do dispositivo e afirma que a imagem da íris depois de cadastrada é destruída. Será?
Riscos da nova moeda digital
Acontece que desde o surgimento da Worldcoin, a comunidade cripto tem opiniões divergentes sobre a prova de personalidade. E agora que a moeda digital foi oficialmente lançada os questionamentos voltaram com força total.
Ainda que haja uma quantidade considerável de downloads do World App e consequentemente usuários cadastrados no aplicativo, existem também vários argumentos relevantes sobre essa criptomoeda.
Especialistas e pessoas públicas, como o Vitalik Buterin (criador da Ethereum), fizeram comentários polêmicos relacionados ao design da Worldcoin. E não foi o único, pois Marc Zeller, fundador da Iniciativa Aavechan para Aave DAO e Ki Young Ju, criador e analista da CryptoQuant, também criticaram a proposta da criptomoeda.
Para muitos há grandes riscos no que se refere à privacidade, centralização, segurança e acessibilidade.
É necessário verificar, por exemplo, se a ideia de escanear a íris do usuário está de acordo com a LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados) de cada país, se nesse contexto os usuários terão seus dados sob sigilo. Há países como os EUA que não são a favor dessa tecnologia, pois compromete a privacidade do usuário.
Sobre a centralização de dados num único dispositivo, através da íris, também deixam muitas pessoas preocupadas, pois em nenhum momento é mencionada a tão famosa tecnologia blockchain associada a essa plataforma. Ou seja, até que se prove o contrário, o usuário fica com suas informações armazenadas em uma única empresa sem garantia que seus dados não serão comercializados.
Essa questão vem de encontro com a segurança, que também tem sido bastante questionada. Por ser uma empresa privada e não usar uma tecnologia descentralizada há chances de ser hackeada?
Gratuidade por recompensa
Junto a esses fatores, há o risco da acessibilidade da plataforma. Com o lançamento da Worldcoin, foram espalhados pelo mundo inteiro vários Orbs – os escaneadores para iniciar o registro da íris. No entanto, esse procedimento é feito nas ruas, onde há outras câmeras captando imagens. Além disso, os Orbs funcionam por uma rede de empresas independentes de nome Orb Operators.
Para agravar um pouco mais essa situação, há questionamentos sobre o recebimento de recompensa por escaneamento da íris. A Worldcoin foi anunciada como uma criptomoeda gratuita na distribuição de tokens, com intuito de ser justa e igualitária.
Entretanto, aqui no Brasil, especificamente em São Paulo, onde há três Orbs, é oferecido 25 WLD, mais ou menos R$300,00 para quem fizer o escaneamento da íris.
No Quênia, onde mais de 350 mil pessoas, também foi oferecido um preço correspondente a 7.000 xelins (moeda local), algo em torno de R$234,00 em troca da biometria ocular.
Uma operação policial foi iniciada no Quênia alegando que a empresa responsável – Tools for Humanity não compartilhou suas verdadeiras intenções ao fixar suas operações.
É um fato que pessoas com menor poder aquisitivo, sempre estão dispostas a conseguir uma renda extra, seja com mais um emprego, sorteios, apostas ou outras novidades do mercado. Não seria estranho aceitar uma proposta como essa por dinheiro.
Será que essa é mais uma estratégia da Worldcoin? Vamos torcer que não!
De qualquer maneira, em vários lugares do mundo essas operações da Worldcoin estão chamando a atenção das autoridades regulatórias no quesito proteção de dados.
A Worldcoin Foundation afirma que tem um programa de privacidade bem estruturado.
Por aqui, eu continuo de olho!
Fonte: Exame / Terra / Portal do Bitcoin / Valor Econômico